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VOCÊ S/A - Carreiras quentes

09/02/2011 14:36

Os cargos mais valorizados, os salários, os bônus e as principais tendências do mercado de trabalho no Brasil nas pequenas, nas médias e nas grandes empresas

 

No primeiro semestre de 2010 foram criados 1,5 milhão de empregos no Brasil. O resultado, fruto do forte crescimento da economia brasileira, foi tão positivo que se iniciou uma discussão sobre a possibilidade de o país atingir um quadro de pleno emprego. Essa é uma situação em que só fica desempregado quem está trocando de ocupação ou não quer nenhum posto. Para isso ocorrer, a taxa de desemprego precisa cair a níveis abaixo de 6%. Em julho, essa taxa chegou a 7,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). É uma marca histórica, que só ocorreu no Brasil no início dos anos 70, no famoso "milagre econômico". Se a taxa continuar em queda, é possível que se atinja o pleno emprego ainda este ano. Esses números refletem a situação geral do trabalho no país. Apesar de não haver estatísticas, se fosse analisado apenas o mercado para profissionais qualificados - aqueles com diploma universitário ou formação técnica - ou só o mercado para executivos, há indícios de que a situação é ainda melhor. "Nessa faixa do mercado, talvez já tenhamos chegado ao pleno emprego", diz Fernando Mantovani, gerentegeral da Robert Half, empresa de recrutamento, de São Paulo, que organizou a pesquisa de cargos e salários que faz parte desta reportagem - que você confere aqui em primeira mão. 

O mercado de trabalho qualificado é diferente. Quando a crise chegou aqui, em meados de 2008, menos vagas nesse perfil foram fechadas, em comparação ao total de empregos eliminados. Agora, o número de vagas abertas para esse pessoal também é menor, comparativamente. Mesmo assim, a demanda é tão alta que há setores em que já não há gente disponível. "Em áreas como construção civil, infraestrutura, bens de consumo e no mercado financeiro, a escassez é geral", diz Marcelo Ferrari, gerente da Mercer, consultoria de recursos humanos, de São Paulo. A tendência é de que esse cenário se mantenha pelos próximos meses e, em certos casos, como no setor de petróleo, pelos próximos anos. "O crescimento da economia vai ser muito alto este ano, ainda que ocorra uma desaceleração", diz Fernando. Além disso, as faculdades não têm alimentado o mercado com a quantidade necessária de profissionais, o que torna disputado o passe de quem estiver ao alcance dos recrutadores. "Em engenharia e TI, faltam dezenas de milhares de profissionais", diz Francisco Ramirez, professor do Insper, em São Paulo, e dono da ARC Recruiting, empresa de recrutamento de executivos. A seguir, saiba quais são os salários pagos para 155 cargos e quais são as principais tendências para o mercado de trabalho qualificado no Brasil.

BEM REMUNERADOS, MAS SEM EXAGEROS
Este ano, as empresas estão mais contidas na hora de remunerar os novos profissionais, no ato da contratação. Ao contrário do que aconteceu em 2007 e 2008, quando muitos profissionais recebiam propostas com incremento de 50% na remuneração, as ofertas hoje têm ficado na casa dos 20% a 25%. Em alguns casos chegando a 30%. "As empresas erraram no passado, porque os salários foram bastante inflacionados e muitos profissionais não deram o retorno equivalente e esperado", diz Adriana Cambiaghi, gerente da divisão de marketing e vendas da Robert Half. "O custo foi alto e agora as companhias preferem esperar mais para fechar a vaga do que contratar a qualquer preço", completa.

É HORA DE VENDER
Em 2010, o consumo é que está impulsionando a economia brasileira. Para as empresas, o que importa é pôr o pessoal na rua vendendo o que for possível. Por isso, na área comercial(vendas e marketing), os vendedores estão mais valorizados do que os marqueteiros. Pesa contra o marketing o fato de o consumidor estar mais cético com a propaganda tradicional. Estão em alta as ações que valorizam a experiência do cliente - quem é bom nessa área está ganhando bem. Assim, profissionais de inteligência de mercado estão sendo muito demandados.

COMISSÕES AGRESSIVAS
Após a crise, a remuneração da área comercial sofreu uma revisão. Grande parte dasempresas promoveu uma redução de 5% a 15% no salário fixo dos novos contratados. Para ganhar dinheiro, o profissional precisa ter uma remuneração variável boa, o que ele só consegue se fechar contratos de venda. "Isso aumenta a cotação dos profissionais mais arrojados", diz Adriana, da Robert Half. 

CRAQUE DE VENDAS
O cargo que teve a maior valorização na área comercial é o gerente de desenvolvimento de negócios. É ele quem se relaciona com clientes de forma estratégica para fechar vendas complicadas. "Algumas empresas precisaram reforçar o time de profissionais com esse perfil, que exige muita experiência e relacionamento no segmento", diz o professor Licínio Mota, coordenador da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing, de São Paulo. É o caso de Fábio José dos Santos, de 45 anos, que no mês passado foi contratado como diretor de desenvolvimento de novos negócios da Sonda Procwork, empresa de serviços de TI e parceira da multinacional alemã SAP. O trabalho de Fábio é estreitar o relacionamento com clientes e garantir que eles adotem os caros e robustos sistemas de gestão da empresa alemã, um tipo de venda complexo e que leva tempo para ser fechado. "Muitas oportunidades de negócios engavetadas em 2009 voltaram a ser discutidas agora, o que tem movimentado o mercado", diz Fábio, que nos últimos meses vinha recebendo de duas a três propostas por mês. 

VAGAS DO PETRÓLEO
O setor de óleo e gás é, provavelmente, o que mais se desenvolverá no Brasil nos próximos dez anos. Estima-se que serão criados 700 000 empregos na área até 2020. Mas o segmento já enfrenta dois problemas no que diz respeito à mão de obra: 1) há um déficit de especialistas; 2) faltam profissionais para as áreas financeira e comercial. As empresas têm resolvido a primeira questão treinando como podem novos quadros ou importando profissionais de outros países. Já o segundo problema tem sido remediado trazendo gente de outras áreas do negócio. "Os escolhidos são os profissionais jovens, com até cinco anos de carreira, que vão receber muito treinamento para se adaptar às complexidades do setor, que são grandes", diz Rafael Faria, líder da divisão de óleo e gás da Hays, consultoria de recrutamento e seleção. É o caso do engenheiro mecânico Gustavo Oliveira, de 28 anos, que há um ano e oito meses largou o emprego de coordenador de projetos na siderúrgica Gerdau e hoje é líder comercial da Chemtech, empresa do grupo Siemens, que presta serviços para empresas de petróleo. "Há muitas oportunidades boas, principalmente aqui no Rio de Janeiro", diz o engenheiro Gustavo.

RELACIONAMENTO EM ALTA
A capacidade de se relacionar com outras áreas da empresa, com clientes e fornecedores é atualmente uma competência muito valorizada. A habilidade de criar sinergia entre as diversas áreas internas e estabelecer parcerias dos muros da empresa para fora traz agilidade e oportunidades de novos negócios às companhias. Portanto, sai na frente quem tem esta competência e sabe como transformá-la em resultado. "O profissional deve ter capacidade de interagir e tomar decisões que levem em consideração todas as partes do negócio, e não apenas seu universo individual", diz o italiano Roberto Pucci, vice-presidente mundial de RH do laboratório Sanofi -Aventis. Foi uma das habilidades que contribuiu para a promoção de Isela Costantini, de 38 anos, à diretoria de pós-vendas da GM, em julho deste ano. "Minha experiência com o consumidor contribuiu para que eu assumisse o cargo", diz a executiva, que já passou pelos departamentos de estratégia de marketing, estatística, produção e previsão de vendas.

SEGURO MAIS ESPECIALIZADO
O mercado de seguros está aquecido, oferece bons salários e tem carência de profissionais. "Há uma disputa feroz por pessoas com competências técnicas e interpessoais", diz Nancy Bartos, diretora de RH da AON, consultoria de seguros com sede em São Paulo. O desafio das empresas é lançar produtos mais especializados e ao gosto do cliente. Para fazer isso, elas buscam pessoas que conheçam o mercado e, ao mesmo tempo, que tragam soluções inovadoras de outras áreas. Como fez Júlio Ferreira, de 39 anos, diretor técnico da área de responsabilidade civil da AON, que criou um seguro voltado para empresas que contratam profissionais terceirizados e precisam proteger essa mão de obra. "Cresce quem se especializa sem deixar de ser inovador", diz ele.

SÊNIOR VALORIZADO
Encontrar gente qualificada no mercado de seguros não é fácil nem barato. Recentemente, a AON precisou oferecer um aumento salarial de 30% para trazer um profissional experiente. Por isso, a opção agora é por contratar jovens e desenvolvê-los internamente. 

JÚNIOR, ASCENSÃO RÁPIDA
Com a escassez de mão de obra em todos os mercados, as empresas estão promovendo profissionais com pouca bagagem e apostando no desenvolvimento "em pleno voo". Isso é mais claro em áreas de vendas, finanças e entre os engenheiros. As empresas também usam esse recurso para não inflacionar a folha, trazendo gente de fora. O efeito disso é a aparente queda nos salários de níveis de primeira gestão, mas que, na verdade, mascara a promoção recente de analistas, que estão satisfeitos recebendo mais com o cargo de gerente. Isso é bom para os jovens profissionais, que precisam mostrar serviço e alta habilidade de aprendizado para se manter no cargo. 

CARREIRA VIRUTAL
Um dos principais fenômenos da economia brasileira nos últimos anos foi a ascensão das classes C e D como grandes consumidoras. Entre os produtos que as dezenas de milhões de brasileiros passaram a comprar, um merece destaque: o computador. Com novos lares conectados, o comércio eletrônico deu um salto. Segundo a empresa de pesquisas E-Consulting, o número de compradores online deve crescer 27% em 2010, chegando ao universo de 16,9 milhões de pessoas. Empresas de vários setores ampliaram seus negócios pela internet e criam estruturas de tecnologia maiores, com mais funcionários. Varejistas como Carrefour e Leader só iniciaram suas atividades de e-commerce este ano. Há oportunidades para profissionais de TI e de marketing em todos os níveis. "O comércio eletrônico deixou de ser um nicho de mercado e virou uma opção de carreira para profissionais de várias formações", diz Adriana Cambiaghi, da Robert Half.

MARKETING ONLINE
Como vender seu peixe nas redes sociais? Esse é um desafio que as empresas estão enfrentando hoje. Com isso, surge a demanda por um novo profissional, que se dedica exclusivamente a buscar formas criativas e sustentáveis de fazer isso. "Esta é uma opção nova de carreira e ainda temos dificuldade de achar profissionais", diz Adriana Cambiaghi, gerente da divisão de marketing e vendas da Robert Half. 

Por Eliza Tozzi, Murilo Ohl e Renata Avediani

Fonte: https://vocesa.abril.com.br/escolha-sua-profissao/materia/carreiras-quentes-606270.shtml

 

 

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