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VOCÊ S/A - Ficou mais competitivo

10/03/2011 11:18

Na hora da crise, todo mundo defende seu espaço no escritório. Confira o que fazer quando a rivalidade desenfreada ameaça a sua carreira

Em períodos de instabilidade econômica e corte de funcionários, a competição aumenta no ambiente de trabalho. Para manter o emprego, as pessoas tentam provar que são essenciais e insubstituíveis. Atitudes individualistas, como exibicionismo e egoísmo, despontam. E aí, são grandes as chances de o clima de cada um por si virar a regra no escritório. Esse processo é semelhante ao que ocorre com os países durante a crise: na economia mundial, o protecionismo voltou a ser discutido. As nações querem proteger seus trabalhadores e suas indústrias em face aos estrangeiros. “É a mesma coisa no trabalho”, diz o consultor Gustavo Boog, especialista em clima organizacional. “As pessoas pensam em preservar o próprio pedaço, mesmo que os outros em volta não estejam seguros.” Uma pesquisa conduzida pela Accenture nos últimos meses de 2008 mostra que ao menos 30% dos profissionais entrevistados já estavam tomando medidas com o objetivo de se segurar no cargo, principalmente esticando o expediente.

O problema é quando a disputa se torna desleal. No comércio mundial, protecionismo em excesso significa que ninguém compra de ninguém, ou seja, todo mundo perde. No escritório não é muito diferente: ninguém colabora, dando margem para mal-entendidos, fofocas e atritos. “É normal que existam divergências dentro de uma empresa, mas na crise, quando as opções para fugir do que está ruim são menores, o caldeirão de discordâncias pega fogo”, diz Adriana Fellipelli, sócia-diretora da consultoria Fellipelli, que coordena no Brasil uma pesquisa sobre conflito no trabalho feita com 5 000 executivos de nove países. Segundo o último estudo, divulgado em setembro do ano passado, os brasileiros vêm perdendo mais de 90 horas de trabalho por ano em situações mal resolvidas com os colegas. A face mais podre dos confl itos entre colegas é a sabotagem da carreira alheia. Se você acha que é a bola da vez, saiba como se portar nas situações de competição que mais aparecem em períodos de insegurança como agora.

Um workaholic faz com que eu trabalhe até tarde também

O viciado em trabalho, principalmente quando é chefe, tende a achar que todos têm de ser como ele: fazer expediente além do horário, levar trabalho pra casa, respirar relatórios.

Como agir: estabeleça qual é o seu limite. “Quando você se respeita, é mais fácil se fazer respeitar pelos outros”, diz Luiz David Carlette, do Idort. Converse com o chefe para sentir como a empresa vê esse excesso de trabalho. “Se a sobrecarga foi distribuída igualmente entre a equipe, todos devem se empenhar para que esta seja uma situação temporária”, diz Luiz David.

Meu chefe estimula exageradamente a competição na equipe

O líder pressionado faz uso da tensão para aumentar a produtividade de seus subordinados. Ele nem percebe, mas usa a crise como desculpa.

Como agir: mantenha a cabeça no lugar, fazendo o seu melhor. Se identificar que o foco da pressão é o gestor, procure fazer alianças com colegas, mostrando que o compor tamento do chefe prejudica a todos. Cuidado para não se expor sozinho. Quando a crise passar, tente uma transferência ou busque outro emprego, mas livre-se desse chefe.

Uma pessoa assume como dela o trabalho que é da equipe

Na hora da crise, pode surgir um espertalhão que tenta “crescer” em cima do suor dos outros. Normalmente, trata-se de uma pessoa insegura, ameaçada a tal ponto pela situação que nem percebe que, com o tempo, será desmascarada pelos companheiros.

Como agir: “Nas apresentações, faça perguntas específicas e se aprofunde nas partes do projeto que ela não domina. Cite a fonte ou outros lugares onde aqueles dados já foram usados, deixando implícito para a direção que, na verdade, o projeto pertence ao time todo”, diz Adriana Fellipelli.

Um colega aponta culpados para todos os fracassos

Outro caso de insegurança. É uma forma de esconder a incapacidade, colocando a culpa em você ou nos demais colegas, causando um clima de intolerância ao erro.

Como agir: mostre ao queixoso que ninguém suporta esse comportamento e que ele será boicotado se insistir. “O momento é de cooperar, e não de empurrar a culpa pra frente”, diz Luiz David Carlette, do Idort.

Mudei de área e sou rejeitado pelos novos pares

A crise é um momento de transferências e reestruturações. Há muito movimento interno nas empresas. Quem entra numa nova vaga em meio à crise pode sofrer retaliações dos colegas.

Como agir: você vai precisar conquistar a confiança das pessoas. É um trabalho diário e cansativo, mas precisa ser feito. “Se você chegou a um lugar afetado por demissões, venda a ideia de que a gestão antiga não serve mais. A crise impulsiona esse movimento de rever comportamentos”, diz Adriana Fellipelli.

Sou vítima de fofocas

Em primeiro lugar, não “compre” nenhum boato sem antes verificar a sua veracidade. Depois, leve em conta que todo mundo tem seu dia de “bola da vez” — pode ser que tenham falado de você em uma única ocasião. Um desgaste ao primeiro sinal de boato pode ser a munição que os fofoqueiros precisam para aumentar maldosamente a carga de zunzunzum a seu respeito.

Como agir: se você tem certeza de que alguém fala mal de você, a resposta tem de ser do tamanho do prejuízo. “Em alguns casos, basta uma conversa franca e reservada. Tome atitudes mais extremas, como se pronunciar publicamente, apenas se a sua imagem estiver sendo queimada com quem realmente importa na empresa, ou se o boato for grave demais para se manter quieto”, sugere o consultor Gustavo Boog.

Um bajulador faz a cabeça do chefe para se beneficiar

Durante a crise, o número de bajuladores aumenta. “Os improdutivos querem aparecer a qualquer custo para salvar a pele”, diz Eduardo de Maria, consultor da Alive Eco Hut, empresa que promove eventos para integração de equipes. A melhor coisa é não se envolver. O problema é do chefe, não seu.

Como agir: há dois tipos de aduladores. Um é inofensivo, incompetente e carente por segurança. Basta dar-lhe um pouco mais de atenção. O outro exige cautela, pois tem talento e usa a bajulação para ganhar algo em troca. Mas não adianta falar mal do puxa-saco para o chefe — vai ver ele gosta de ser paparicado e isso pode soar como inveja. A dica é evitar contato com a figura. “Nunca critique os colegas ou a empresa. O bajulador pode usar isso contra você”, diz Eduardo de Maria.

Por Bruno Vieira Feijó

Fonte: https://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/ficou-mais-competitivo-483849.shtml

 

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