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04/01/2011 12:31Os 100 primeiros dias de empresa são os mais desafiadores. Saiba como navegar com desenvoltura no ambiente corporativo e aprenda a lidar com as pressões do trabalho
A famosa frase do general romano Júlio César, "Veni, vidi, vici" ("Vim, vi e venci"), expressa bem o sentimento do jovem que passou meses em exaustivos e concorridos processos seletivos, enfrentou uma bateria de dinâmicas de grupo e entrevistas e finalmente conquistou a suada vaga no programa de trainee de uma grande empresa. Para o consultor Marcio Vinycius Pereira, da Cia de Talentos, conquistar a vaga é apenas o primeiro de uma série de desafios. "Os 100 primeiros dias de trabalho são os mais difíceis. O jovem tem que mostrar maturidade e jogo de cintura para encarar o novo ambiente e dar conta dos novos projetos", diz Marcio.
Para o consultor, esse é o momento de integrar-se ao escritório, adaptar-se à cultura da companhia e descobrir qual é a melhor forma de se relacionar com a equipe. Corporações com larga experiência nesse tipo de iniciativa, como Ambev e Unilever, amenizam o impacto da chegada com uma integração descontraída. Os jovens são recepcionados por diretores e vice-presidentes em um encontro informal antes de pegar no batente. Nessa ocasião, os jovens têm contato com pessoas de vários departamentos e conversam com extrainees. "Percebemos que outros já se sentiram perdidos como nós e isso nos dá uma sensação de acolhimento", conta Daniel Wakswaser Cordeiro, de 25 anos, ex-trainee da Ambev.
Daniel, que entrou no programa de 2008 e hoje é gerente de novas mídias na área de marketing, comenta que o grande pecado de quem acaba de chegar é o estrelismo. "Arrogância não combina com aprendizado. O trainee precisa se integrar às diversas equipes para conseguir desenvolver um bom trabalho", diz. No setor de produção industrial pesada, ter o ego inflado é ainda mais complicado. O engenheiro mecânico Danilo Mansano, de 24 anos, ex-trainee da Sama, companhia mineradora de amianto, comenta que as atitudes arrogantes de um trainee rapidamente vão parar na "rádio peão". "A informação circula por todas as unidades", conta Danilo. E isso pega muito mal para imagem de quem acaba de chegar.
Outro ponto que merece atenção é o ajuste de expectativas. Muitos jovens talentos pecam por achar que todas as novas oportunidades têm de ser dadas a eles. Na prática, isso não acontece, portanto, evite aborrecer seu chefe a todo instante com esse tipo de demanda. Tenha tranquilidade para encarar o processo de experiência, que em alguns casos pode signifi car mudar para longe da família e dos amigos. "O ato de arrumar as malas exige capacidade de adaptação e coragem para deixar os vínculos pessoais para trás", diz Marcio Vinycius, da Cia de Talentos. Danilo, que hoje é engenheiro da Eternit (que tem a Sama como subsidiária), saiu de São Paulo e foi direto para Minaçu, no interior de Goiás. Em três meses, quando era trainee, percorreu as sete unidades que a Sama tem no país. "Foi uma experiência importante para minha integração. Tive contato com todos os tipos de pessoas, do operário ao presidente", diz o engenheiro.
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NO MUNDO CORPORATIVO
Veja algumas atitudes que podem tornar sua integração bem mais fácil
ABAIXO O ESTRELISMO
Ok, você concorreu com outras 1 700 pessoas e conquistou uma vaga. Não é por isso que deve chegar puxando o saco dos gestores e se achando melhor do que os colegas e demais funcionários. "Hoje, o que as organizações mais prezam em um profissional é o relacionamento interpessoal, a facilidade para trabalhar em grupo e a liderança sem arrogância", afirma Marcio Vinycius, da Cia de Talentos. Para o consultor, o jovem precisa demonstrar interesse e estar aberto ao aprendizado constante com humildade.
ENFRENTE O CIÚME
Há alguns anos, quando os programas de trainee ainda não eram bem estruturados, a presença de jovens talentosos zanzando por todos os setores da companhia era vista como ameaça. Atualmente, a dor de cotovelo é uma atitude cada vez mais rara, mas não impossível. Nesses casos, os especialistas recomendam agir com profissionalismo. "Trainees e funcionários convencionais têm chances de crescer por meio de meritocracia. A decisão sobre quem será promovido dependerá das necessidades estratégicas da empresa em cada momento", diz Rogério Renner, diretor industrial da Eternit, do grupo Sama.
SEJA ÚNICO E PROATIVO
Você foi escolhido por um motivo: por fazer a diferença. Portanto, não se acomode só porque foi contratado. "Durante a apresentação de projetos e relatórios, é importante mostrar sempre uma visão diferenciada. Isso indica que você agrega valor ao time", ensina Daniel Wakswaser Cordeiro, ex-trainee da Ambev.
VIAJAR É PRECISO
Ter disponibilidade para mudar de cidade ou de estado é prérequisito na ficha de inscrição de empresas com diversas bases. Porém, quando chega a hora de dizer adeus à família e aos amigos, dá um frio na barriga. "Mostre maturidade e comprometimento", diz Marcio Vinycius. O consultor enfatiza que todo aprendizado, inclusive entrar em contato com diferentes sotaques, culturas e climas, contribui para a formação de um futuro líder. Respire fundo e faça as malas sorrindo.
ENCARE AS PRESSÕES COM TRANQUILIDADE
As cobranças durante o treinamento são pesadas e constantes. Muitas vezes é esperado do trainee o insight para resolver problemas antes mesmo que eles despertem a atenção do chefe. "Lembre-se que você trabalha com metas, mas também tem o suporte dos gestores. Tenha calma e pense que a pressão é pelo bem de sua carreira", diz o engenheiro Danilo Mansano, da Sama.
Por Alexandra Gonzales
Fonte: https://vocesa.abril.com.br/escolha-sua-profissao/materia/consegui-agora-607391.shtml
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