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VOCÊ RH - Crise na educação

04/11/2010 14:45

 Segundo o IBGE, hoje o Brasil contabiliza 14 milhões de analfabetos. Diante desse quadro, empresas como a Votorantim e a Nextel se veem obrigadas a investir na educação e suprir a deficiência da formação dos profissionais

 

Novembro, 2010 - No último Café com RH de 2010, os profissionais de Recursos Humanos puderam discutir sobre a educação e o seu futuro no Brasil. O bate-papo mediado pela repórter da Revista Você RH, Tatiana Sendin, contou com a participação de três convidados: Américo Rodrigues de Figueiredo, Vice-Presidente de Recursos Humanos da Nextel Telecomunicações Ltda.; Guilherme Rhinow, Diretor Global de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Votorantim Cimentos; e José Valério Macucci, consultor de liderança e professor do Insper - Ibmec São Paulo.

 

Diante de um cenário em que o Brasil está entre os 10 piores países na área da educação, contabilizando cerca de 14 milhões de analfabetos, o professor Valério explica que a maioria das empresas irão enfrentar problemas relacionados ao déficit educacional do país - isso se já não estão enfrentando. "Do ponto de vista macro o que se vê é uma educação paupérrima. E isso vai crir um problema na evolução das companhias."

 

Já vivenciando essa realidade, Rhinow diz que, apesar de estar feliz com as perspectivas de crescimento do país, se preocupa com a formação dos profissionais. "Por causa dessa formação deficiente, as empresas precisam tomar iniciativas próprias para contornar o problema", afirma. Na área de Tecnologia da Informação, então, Figueiredo revela que a preocupação é maior ainda. Isso porque, além de não terem uma formação básica em informática, os profissionais nem sequer dominam completamente a língua portuguesa. "A nossa solução tem sido treinar os colaboradores antes de eles entrarem na Nextel."

 

Mão na massa

Já que o governo brasileiro não faz a sua parte, as organizações se veem obrigadas a investir na melhor formação dos colaboradores. E esse investimento não é apenas no conhecimento acadêmico. O vice-presidente de RH da Nextel conta que falta uma formação do profissional como um todo. "Mesmo vindo de boas faculdades, às vezes o candidato não tem uma noção de trabalho em equipe e de fazer gestão de projetos. Também vejo necessidade das pessoas serem educadas financeiramente, para aprenderem a administrar seu dinheiro."

 

Em 2010, cerca de 400 colaboradores da Nextel passaram por treinamentos voltados para a gestão de projetos. Outra forma utilizada para lidar com a questão educacional na empresa foi o Instituto Nextel. Criado em 2006, o programa tem como propósito ajudar jovens em situação de risco social, ampliando suas oportunidades de inserção no mercado de trabalho. São, em média, 500 alunos formados por ano e 70% de aproveitamento interno.

 

A Votorantim também investe nessa área e o Projeto Evoluir é um bom exemplo disso. Rhinow conta que o projeto é sustentado por dois pilares: a educação técnica e a formação em cidadania. "A ideia é suprir a necessidade de formação na base", explica. Em 2010, 1600 jovens passaram pelo programa que, atualmente, destina-se aos municípios de Laranjeiras (SE); Sobradinho (DF); Corumbá (MS); Cantagalo (RJ) e Nobres (MT).

 

O que vem pela frente

É verdade, sim, que tanto o governo de FHC quanto o de Lula fizeram importantes progressos na área da educação. No entanto, segundo o professor Valério, o problema é que os esforços ainda não são suficientes. "Aumenta o número de alunos nas escolas, mas os investimentos não estão nem no ritmo nem na qualidade necessária." Para o também consultor de liderança, a tendência é que as empresas, cada vez mais, assumam o papel do Estado na educação. "O futuro é o setor privado atuando na formação dos profissionais", afirma.

 

Já Figueiredo visualiza um futuro promissor, mas também entende que as organizações terão que "arregaçar as mangas". "Temos que fazer um grande trabalho de base. Do contrário, não conseguiremos 'surfar' nessa onda de crescimento que está por vir."

 

Com uma visão mais cética em relação ao investimento do Estado na educação, Rhinow acredita que a evolução nessa área só aconteceu por causa da iniciativa privada. "O caminho será por aí: cada vez mais desenvolver soluções internas para lidar com essa questão no Brasil." No entendimento do vice-presidente de RH da Nextel, o desafio nos próximos anos será gerar capital intelectual na mesma proporção da necessidade de mão de obra do mercado. O problema é que a demanda é grande e o tempo, curto.

Por Anna Carolina Oliveira

Fonte:https://revistavocerh.abril.com.br/noticia/conteudo_606938.shtml

 

 

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